A produção industrial aumentou 0,3% entre abril e maio, sem efeitos sazonais. Frente a maio de 2021 houve aumento de 0,5%. O crescimento veio abaixo das expectativas do mercado (+0,6%). Nos últimos quatro meses, a indústria acumula crescimento de 1,8%, o que ainda não foi suficiente para recuperar integralmente queda de 1,9% registrada em janeiro de 2022. O resultado de maio foi puxado pela indústria de transformação (+0,8%), dado que a indústria extrativa recuou no período (-5,6%).
O leve crescimento da atividade industrial em maio de 2022 foi resultado do crescimento de três das quatro categorias econômicas e pela maior parte (19) dos 26 setores pesquisados. Entre os setores, as influências positivas mais relevantes no mês de maio foram obtidas pelo segmento de máquinas e equipamentos (7,5%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (3,7%), ambas se recuperando após redução no mês anterior, de -3,1% e -4,6%, respectivamente. Por outro lado, 7 dos 26 setores apresentaram baixa na produção. Os destaques negativos ficaram por conta de indústrias extrativas (-5,6%) e outros produtos químicos (-8,0%).
Entre as grandes categorias econômicas, na comparação com o mês anterior, sem influências sazonais, o destaque positivo ficou a cargo de bens de capital (+7,4%) e bens de consumo duráveis (+3,0%). Vale destacar que parte do crescimento possui efeito de recomposição, dado que em abril as duas atividades foram reduzidas, -6,8% e -5,3%, respectivamente. O setor produtor de bens de consumo semi e não duráveis cresceu em ritmo mais moderado (+0,8%), enquanto o segmento de bens intermediários apresentou a única taxa negativa em maio de 2022 (-1,3%). Frente a maio de 2021, sem ajuste sazonal, a contribuição positiva mais relevante foi observada no grupo de bens de capital (+5,7%), seguido por e bens de consumo semi e não duráveis (+2,2%). Por outro lado, o setor produtor de bens de consumo duráveis (-2,1%) e de bens intermediários (-0,9%) recuaram no mês.
Os últimos resultados sobre o desempenho da indústria brasileira contribuíram para realinhar as expectativas do setor, mas não foram suficientes para recuperar integralmente a redução de janeiro de 2022 e o patamar vigente em fevereiro de 2020, antes dos impactos da pandemia.
No que tange as expectativas, o Índice de Confiança da Indústria, calculado pela FGV, encerrou em 101,2 pontos em junho, considerando dados sem influência sazonal. Esta foi a terceira variação mensal positiva, e colocou as expectativas em terreno otimista (acima dos 100 pontos). Na mesma linha, o índice de Gerente de Compras (PMI) da indústria brasileira, divulgado pelo S&P Global, ficou em 54,1 pontos no mês de junho. Com este resultado, o PMI industrial do Brasil permanece indicando expansão do setor pelo quarto mês consecutivo (acima de 50,0 pontos). Alguns fatores se conjugaram para esse resultado, dentre eles, a melhora do mercado interno, puxado pelos efeitos remanescentes da reabertura da economia, expressiva recuperação do mercado de trabalho e as medidas de transferência de renda do governo, sobretudo, o início do pagamento do Auxílio Brasil, que possui ticket médio maior na comparação com o antigo Bolsa Família, a liberação de saques extraordinários do FGTS e a antecipação do 13º salário de aposentados e pensionistas.
No entanto, apesar da recuperação, a indústria está abaixo do nível pré-pandemia. Na comparação com fevereiro de 2020, a produção industrial permanece defasada em -1,1%, enquanto serviços (+7,2%) e comércio (+1,6%) já superaram o patamar vigente no início de 2020 em relação a abril de 2022. Alguns fatores pressionam as expectativas para baixo nos próximos meses. O forte aperto monetário implementado pelo Banco Central tende a surtir efeitos mais fortes durante o segundo semestre. Adicionalmente, os efeitos positivos das transferências de renda do governo e do processo de reabertura da economia serão diluídos no restante do ano. Diante disso, a projeção da Fiesp para a produção industrial em 2022 é de uma queda de 1,2%, que, se confirmada, será a sexta redução da indústria em um período de dez anos.
Fonte: Fiesp