Para debater as perspectivas e tendências da inteligência artificial, compartilhar as experiências e cases, conhecer as soluções disponíveis e mostrar a diversidade de suas aplicações nos negócios, a Fiesp e o Ciesp promoveram nesta terça-feira (27/8) o Summit Inteligência Artificial.
O evento reuniu especialistas e líderes de várias empresas, entre elas IBM, Google, Globo, Embraer, Positivo Tecnologia, Meta, Basf América do Sul, Mercedes Benz e Johnson & Johnson MedTech Brasil.
Na abertura, o presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva, ressaltou a importância do tema que, segundo ele, muitas vezes, traz apreensão e rejeição.
“É óbvio que todas as vezes que a humanidade tem rupturas tecnológicas da magnitude que se apresenta com a inteligência artificial nós todos nos sentimos intimidados. É o medo do desconhecido, o medo de uma revolução tecnológica que pode acarretar descolamento de emprego, de profissões e de empresas”, disse, lembrando que este momento se compara a poucos da história.
“Algumas empresas que eventualmente não se adaptarem vão desaparecer, mas outras vão surgir. Alguns empregos vão desaparecer e outras oportunidades de emprego vão surgir”, acrescentou Josué.
Segundo ele, a IA é um desafio grande, mas também uma oportunidade gigantesca. “Principalmente se educarmos os nossos jovens. E a Fiesp, o Sesi-SP e o Senai-SP estão fazendo justamente isso”, contou. “Não devemos temer essa ferramenta e sim abraçá-la, e trabalharmos para aproveitar todo o potencial que ela nos oferece”.
Para Sylvio Gomide, presidente do Conselho Superior da Micro, Pequena, Média Indústria da Fiesp, a inteligência artificial é uma oportunidade única para as pequenas e médias indústrias. “Por uma razão muito simples: o empreendedor de médio e pequeno portes pode colocar a ferramenta em prática na empresa imediatamente, a decisão só depende dele. Diferentemente da indústria de grande porte, onde o processo precisa passar por vários setores para depois ser aprovado e isso pode demorar até dois meses”, exemplificou Gomide.
Ele também preside a Comissão de Inteligência Artificial – Políticas Públicas e Empresariais da entidade, que é dividida em sete eixos: regulação e legislação, capacitação de mão de obra e impactos no emprego, políticas públicas e plano de desenvolvimento institucional (PDI), infraestrutura, aplicação dos setores produtivos, financiamentos e governança e segurança.
Tonny Martins, presidente da IBM América Latina, e Marcel Silva, Head de estratégia de inteligência do Google – Latam, participaram do painel Contextualização: Desvendando a inteligência artificial: desafios, aplicações e rumos nos negócios.
Na apresentação, Tonny Martins destacou que várias pesquisas apontam que a IA é a maior oportunidade econômica da nossa era, estimando-se que contribua com US$ 16 trilhões para o PIB global até 2030, com ganhos de 45% de produtividade, onde 80% das empresas terão incorporado a IA em seus processos de negócios em 2026.
“Algumas falam em US$ 20 trilhões, com ganhos de produtividade de 70%. Minha conclusão é que provavelmente vai ser uma combinação de todas esses estudos”, disse. “Mas uma coisa é certa, o impacto vai ser altamente relevante para as empresas, para os países e para os mercados”.
Tonny Martins fez algumas considerações para a adoção da inteligência artificial pelas indústrias:
Como gerar valor real e me diferenciar? Produtividade, experiência e inovação.
Por onde começar a jornada? Iniciativas pontuais x modelo sustentável e escalável.
Quais os atributos devo levar em consideração para uma IA para o meu negócio? Confiabilidade, precisão, segurança, eficiência, escalabilidade e geração de valor.
Já Marcel Silva afirmou que a IA é uma revolução que chegou para ficar. “E a gente precisa estar preparado para tirar o máximo de proveito possível, ela não é um jogo só de grandes corporações internacionais, ela vai acabar sendo um diferencial enorme para pequenas e médias empresas porque ela democratiza o acesso aos dados”, disse Silva.
Prêmio Fiesp Inteligência Artificial 2024
No evento, foi entregue o Prêmio Fiesp Inteligência Artificial. O objetivo é reconhecer e premiar os melhores casos de sucesso na aplicação e desenvolvimento de tecnologias e modelos bem-sucedidos de negócio em IA adotados por indústrias e startups, especialmente quando aplicado de forma inovadora e colaborativa entre diferentes estados, regiões e setores econômicos.
A edição contou com 59 projetos inscritos e seis foram premiados: três na categoria startup e três na categoria indústria. Os três primeiros colocados, anunciados no evento, receberam troféus e o primeiro colocado também recebeu R$20 mil. Conheça os cases:
Categoria startups
1º colocado: Moraes E de Groote Centro de Inteligência Artificial e Visão Computacional.
Ramo de atuação – tecnologia da informação.
Resumo do case: Em 2024, a Gerdau em parceria com a Federação das Indústrias do estado de Minas Gerais (Fiemg) lançou uma chamada pública de inovação para a detecção de pragas em eucalipto, onde uma startup venceu e desenvolveu duas provas de conceito (POCs). As soluções utilizam IA e visão computacional para automatizar a contagem de insetos e ovos, com alta acurácia (91% e 98% respectivamente).
A tecnologia inclui processamento em nuvem e dashboards em tempo real, economizando tempo, recursos e melhorando a produtividade. O modelo de negócio é baseado em assinaturas e serviços personalizados, com planos para aprimorar a identificação de pragas.
Resultado: A empresa vencedora resolve esse problema com um aplicativo que, quando conectado à internet, contabiliza as pragas em menos de 3 segundos, com uma acurácia inicial de mais de 91%. A segunda solução envolve a aquisição de imagens por scanner, aumentando a produtividade em 10 vezes comparado ao método manual com microscópio, alcançando uma acurácia de 98%.
2º colocado: I-Sensi Tecnologia da Informação
Resumo do case: a solução implementada nas ferramentarias brasileiras, fornecedoras da indústria automobilística, focou na melhoria do OEE (Overal Equipment Effectiveness, Eficiência Global do Equipamento) e na produtividade. Utilizando IoT (Internet das Coisas) e IA, foram digitalizados processos, sensoriados equipamentos e analisados dados em tempo real com o Trendz IA resultando em maior previsibilidade e redução de ociosidade. A abordagem incluiu capacitação da equipe e a criação de painéis de gestão eficientes.
Resultado: redução de 15% na ociosidade e identificação das causas de paradas críticas, servindo como modelo para outros segmentos.
3º colocado: Insilicotox Lab P&D do Brasil Consultoria (Indústria química),
Resumo do case: Em 2016, com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do estado de São Paulo (FAPESP), a empresa desenvolveu a primeira plataforma de IA aplicada à toxicologia de medicamentos, cosméticos e agroquímicos na América Latina. Com o apoio da Eurofarma, o software DegradationPlot, que utiliza IA para prever produtos de degradação em medicamentos, entregando resultados em segundos, um processo que antes levava meses.
Resultado: Os custos com aquisição de padrões e teste tradicional de toxicidade podem ser variáveis totalizando R$ 150.000 a R$ 500.000 por um único processo por composto, com custos superiores em certos casos atípicos. Com uma média de 84 projetos por ano, a Altox avaliou nos 10 anos mais de 5000 compostos, com uma economia para o setor de pelo menos R$ 500mi a R$ 2,5bi em testes tradicionais evitados pela indústria.
Categoria indústria
1º Colocado: Paranoá Indústria de Borracha LTDA
Ramo de atuação: Fabricação de peças e acessórios para veículos automotores.
Resumo do case: Análise de dados capaz de aprender e identificar os melhores padrões de produção, gerando insights e recomendações personalizadas para as pessoas e as máquinas.
Resultado: Aumento da produtividade, diminuição do refugo, aumento do Ebitda e redução dos erros de inventário.
2º Colocado: Christal LTDA
Ramo de atuação: Indústria metalmecânica.
Resumo do case: Robô industrial equipado com câmeras e um sistema de iluminação controlado por software, que realiza inspeções automáticas dos produtos, para identificar falhas como oxidação e cavacos; projeto para conseguir treinar IA com poucas imagens.
Resultado: Aumento de produtividade e melhor gestão do conhecimento.
3º Colocado: Indústria de Alimentação Monjolinho LTDA
Ramo de atuação: Produção de alimentos à base de mandioca e milho.
Resumo do case: Algoritmos preditivos para analisar dados históricos e em tempo real, otimizar o estoque e prever a demanda para evitar rupturas no fornecimento; sensores e visão computacional para monitorar a produção em tempo real; IA para analisar o comportamento e as preferências dos consumidores e assim ofertar recomendações personalizadas e criar campanhas de marketing direcionadas; Otimização de PCP, manutenção e energia.
Resultado: Decisões se tornaram mais assertivas e estratégicas, processos com maior agilidade e eficiência, melhor gestão de riscos; redução de custos, aumento de receitas.
O conteúdo completo do Summit Inteligência Artificial está no canal da Fiesp no Youtube
Fonte: Fiesp