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Escassez de mão de obra deve acelerar industrialização da construção

A escassez de mão de obra qualificada deverá persistir e acelerar em alguma medida a modularização e a industrialização da construção, que precisa trabalhar o aumento de sua produtividade. Foi o que afirmou Eduardo Zaidan, vice-presidente de Economia do SindusCon-SP, na Reunião de Conjuntura que ele conduziu, com a participação de Yorki Estefan, presidente da entidade, em 3 de abril.

Zaidan informou que outro ponto de atenção, o andamento da reforma tributária, está sendo acompanhado de perto pelo Grupo de Trabalho do SindusCon-SP sobre a questão, coordenado pelo vice-presidente de Imobiliário, Odair Senra. Segundo Zaidan, as primeiras indicações são de que a reforma deverá afetar de maneira diferenciada os diversos segmentos da construção a partir de 2027.

Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), alertou que há risco de a reforma tributária elevar a carga de impostos da construção e que não resolverá de imediato a necessidade de estimular a industrialização do setor. Robson Gonçalves, professor da FGV, considerou que a regulamentação da reforma tributária e a busca de aumento da produtividade são questões muito relevantes no presente.

PIB da Construção

Ana Castelo observou, em sua apresentação, que a expectativa para o PIB do setor neste ano é de crescimento de 3%. Segundo ela, o aumento de 4,2% do PIB da construção, no último trimestre de 2023, levou um efeito de carregamento para 2024 e mitigou a queda registrada no terceiro trimestre, cravando uma queda de meio por cento no ano passado, percentual que ainda será revisto.

A economista mostrou que os 81 mil empregos criados pela construção no primeiro bimestre superaram os números dos mesmos períodos dos anos anteriores. O mesmo ocorreu em relação ao nível de ocupação no setor. O consumo de cimento no bimestre cresceu 1% na em relação ao mesmo período de 2023. Na comparação de janeiro com o mesmo mês do ano passado, a produção da indústria de materiais também mostrou crescimento. O mesmo não ocorreu no comércio de insumos da construção, mas a perspectiva também é de aumento do consumo pelas famílias ao longo do ano.

O mercado imobiliário da cidade de São Paulo seguiu em ascensão no primeiro bimestre, com o dobro de lançamentos e o aumento expressivo das vendas em unidades e valores, na comparação com o mesmo período do ano passado. As vendas dentro do programa Minha Casa, Minha Vida superaram as dos demais mercados, prosseguiu Ana Castelo. E isto se refletiu em aumento da valorização real dos preços dos imóveis residenciais.

Analisando os dados da Sondagem da Construção do FGV Ibre, a economista observou que, apesar da percepção otimista para os próximos meses, os empresários do setor estão moderadamente pessimistas em relação à situação atual dos negócios. A escassez de mão de obra foi apontada por quase 30% das empresas como uma das principais dificuldades enfrentadas. E esse problema deverá seguir preocupando, diante do aumento previsto da demanda por obras. Ao final de março, o custo da mão de obra havia se elevado em 6% no acumulado do primeiro trimestre, segundo o INCC.

Inflação e câmbio

Robson Gonçalves, professor da FGV, comentou que o Banco Central prevê inflação de 3,5% para o final do ano e sinaliza que a taxa de juros real seguirá relativamente elevada. Segundo ele, as previsões para o crescimento do PIB em 2024 poderão se elevar, mas não muito. Ele considerou que o problema estrutural do gasto público e do baixo investimento na produção seguem como pontos de atenção que inibem um crescimento maior do PIB.

O economista informou que o Banco Central elevou de 1,7% para 1,9% sua projeção de crescimento do PIB para este ano. E aumentou de 1% para 2,5% a previsão de crescimento do PIB da construção para 2024. Zaidan relatou que o SindusCon-SP é ouvido pelo banco nas reuniões que promove periodicamente para recalibrar suas projeções.

Segundo Gonçalves, com a manutenção da taxa de juros nos Estados Unidos e a diminuição do preço das commodities alimentando a inflação no exterior, capitais deixam o Brasil, a demanda por dólar no país cresce e a taxa de câmbio sobe.

Para ele, é improvável que o governo acabe com a autonomia do Banco Central, que deverá continuar se pautando por uma metodologia técnica.

 

Fonte: Sinduscon-SP

 


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